Em
artigo no O POVO deste domingo (27), o sociólogo André Haguette
destaca a falta de tempo letivo como o principal problema da escola
pública. Confira:
Finalmente
um dirigente da Educação inicia seu trabalho com um diagnóstico
acertado. Segundo matéria do O POVO, o novo secretário de Educação
do Município de Fortaleza, Ivo Gomes, apontou a falta de tempo
letivo como o principal problema da escola pública de Fortaleza.
Na
realidade, essa falta ou falha é nacional e foi detectada por muitas
pesquisas. Assim, na revista Veja de 2 de janeiro deste ano, Gustavo
Ioschpe escreveu: “O que importa é aquilo que acontece quando
professores e alunos se encontram dentro da sala de aula. A primeira
tarefa é fazer com que esse encontro ocorra: zerar as faltas de
professores e alunos. A segunda é que o tempo seja bem aproveitado:
nada de atrasos, perda de tempo com avisos e bate-papos ou consumo da
aula colocando matéria no quadro-negro para a molecada copiar. Aula
boa é aquela que começa e termina no horário e é ocupada na sua
integridade por discussões relacionadas à matéria…”.
Valorizar
ao máximo o tempo de ensino, eis a chave principal da aprendizagem.
As escolas particulares de ponta sabem muito bem disso e certas
escolas públicas também. O assunto é tão pertinente que mereceu
uma ótima discussão de Érico Firmo na sua coluna do dia 17 e uma
resposta do professor Francisco Djacyr Silva de Souza que, na edição
de 21 de janeiro do mesmo jornal, elencou uma série de dificuldades
da escola pública: baixos salários, pobres condições de trabalho,
carga horária excessiva, violência na escola, famílias que não
auxiliam a construção do saber… Souza tem razão e sabe-se que é
árdua a tarefa do professor de escola pública por essas e outras
razões. Mas não seria possível professores, diretores, dirigentes,
pais e sindicatos reconhecerem a correção do diagnóstico e
trabalhar conjuntamente para retirar os empecilhos a um uso integral
do tempo de aula?