Apesar dos avanços em português e no ciclo inicial, alunos formam quadro preocupante
Dito de outra forma, 83% dos jovens avaliados ao final do ensino fundamental demonstraram saber menos matemática do que deveriam, o que significa que têm dificuldades para resolver problemas envolvendo porcentagens e frações.
O cenário é menos pior no caso das provas de português e nos anos iniciais do ensino fundamental. Nessa disciplina, o percentual de estudantes com nível adequado chega a 27% ao final do fundamental (antigo ginásio), sendo que um quinto registrou nível de conhecimento abaixo do que se espera até no 5º ano.
Se o quadro ao final do ensino fundamental é preocupante, a boa notícia é que, ao menos nos anos iniciais, a evolução foi significativa. Em dez anos, a proporção de alunos com aprendizado adequado em matemática mais que dobrou, passando de 15% para 36%. Em português, a variação foi de 24% para 40%, o melhor resultado entre todos os níveis e disciplinas.
Esse retrato da aprendizagem nas escolas brasileiras leva em conta parâmetros de qualidade definidos pela organização não governamental Todos pela Educação, a partir dos resultados da Prova Brasil e do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), do MEC.
Para a diretora executiva do Todos pela Educação, Priscila Cruz, o quadro é grave. A meta estabelecida pela ONG para o ano de 2021 é que, até lá, 70% dos alunos dominem os conteúdos adequados à série.
— Existem duas dimensões: a velocidade do avanço e o resultado final. No avanço, estamos bem (nas séries iniciais). Temos conseguido avançar num ritmo superior ao de outros países. Mas o resultado final do Brasil é muito ruim. Todas as crianças têm o direito de aprender. Com 40%, a gente está muito atrás, perpetuando a desigualdade socioeconômica. Enquanto não resolvermos a questão da educação, vamos continuar a ser uma sociedade desigual e injusta — diz Priscila.
O presidente do Inep, Luiz Claudio Costa, elogia a iniciativa do Todos pela Educação de estabelecer parâmetros de aprendizagem por série, mas lembra que esse critério não é oficial. Segundo ele, as metas perseguidas pelo governo dizem respeito à melhoria das notas médias na Prova Brasil e no Saeb. O governo trabalha para que o conjunto de estudantes brasileiros tenha desempenho semelhante ao da média de alunos dos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), formada majoritariamente por nações desenvolvidas.
— Queremos chegar à média da OCDE. A gente tem expectativa de que, com essa taxa de crescimento, vamos alcançar as metas. E estamos lutando não só para alcançá-las, mas para superá-las — afirma Luiz Claudio.
Fonte: O GLOBO
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